segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Poltrona de balanço Euvira, de Jader Almeida, concilia as formas orgânicas à racionalidade do design escandinavo

Em um engarrafamento, Jader Almeida viu o adesivo com o desenho de uma velhinha lendo em uma cadeira de balanço. Foi quando o designer catarinense idealizou sua versão da cadeira: Euvira - uma poltrona de balanço contemporânea que se ajusta à altura e à posição de quem nela se senta.



Jader procurou conciliar as formas orgânicas à racionalidade do design escandinavo para criar sua cadeira de balanço. "Queria abordar a herança dos mestres, mas também olhar para frente", diz. O resultado foi uma peça em que coexistem linhas retas, chanfros e ângulos arredondados - ou "adocicados", como Jader prefere chamá-los. A poltrona é feita por máquinas CNC, que permitem trabalhar com grande precisão.

Quem se reclina no móvel, feito de Imbuia e Tauari, madeiras de média densidade, sente-se tranquilo, seguro e acolhido, como no colo de uma avó. Talvez a referência à memória afetiva contribua. Mas o efeito é, sobretudo, resultado de muita atenção à ergonomia.


Cadeiras de balanço são confortáveis porque se inclinam e distribuem o peso da pessoa por toda a superfície do corpo. E, no caso de Euvira, basta sentar-se e esticar as pernas que a peça chega ao equilíbrio, sem balançar-se.

Isso acontece porque a poltrona é baixinha, deixando o joelho do usuário a 38 cm de altura. Se fosse baseada no Homem Vitruviano, o famoso estudo do corpo humano feito por Leonardo da Vinci, essa altura seria de 45 cm.

Quem senta permanece com o pé no chão, não importando se mede 1,60 m ou 2 m. Consegue controlar a inclinação da poltrona flexionando o joelho em um ângulo confortável e o apoiando o tronco no encosto. O móvel também acompanha o usuário quando ele inclina o corpo para frente.

O esforço necessário para inclinar-se à frente é mínimo. Isso acontece porque o arco dos pés da cadeira teve um cálculo cuidadoso e muitos testes: se o arco tivesse diâmetro muito pequeno, exigiria muita força para estabilizar a cadeira; se fosse grande demais, o móvel não se inclinaria para acolher quem é alto. Jader atingiu o resultado pretendido apenas no quarto protótipo.


"A pessoa cria uma relação afetiva com o produto. Assim, eu procuro criá-lo como um personagem na vida do usuário", conta Jader. Talvez por isso a avó que o designer nunca conheceu, Elvira, tenha inspirado o nome da poltrona. Pequena, larga, fundindo-se com os móveis da sala, a peça convida ao repouso - como uma matriarca arquetípica que vai, volta, balança, vira. Eu-vira.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário